a criança que vomita

Basicamente uma criança vomita quando comeu algo que estava estragado, ou quando o aparelho digestivo fica muito sensível e inflamado (com a presença de vírus e bactérias) ou quando tosse tanto que vomita. Nos dois primeiros casos vomitar pode ser bom para limpeza e é de fato um mecanismo muito interessante. O problema surge principalmente se a criança é pequena e corre o risco de perder muito líquido, podendo chegar a ficar desidratada. Então temos de dar um anti-vomito ou anti-emético que acaba sendo por boca ou supositório.
Atenção: é importante falar que a partir do momento em que a criança começa a vomitar os líquidos devem ser dados em goles pequenos; se a criança tomar um copo inteiro de água ela vai vomitar novamente!
Nessas situações, mesmo que a criança pare de vomitar o intestino fica ainda sensível por uns 3 ou 4 dias e é por isso que devemos manter uma dieta mais leve mesmo quando a criança já parece ter se recuperado. Se a criança parecer desidratada - muito sonolenta ou irritada, mucosas secas e pouco xixi - e não conseguir melhorar com líquidos em casa, ela deverá ir para o hospital receber líquidos pela veia. Mas se conseguirmos conter os vomitos, provavelmente conseguiremos hidratá-la em casa evitando uma ida trabalhosa ao pronto atendimento.

febre de dente?

Quando os dentes começam a nascer, muitas crianças ficam gripadas e febris. Existe uma discussão grande entre pediatras pois muitos falam que febre de dente não existe. Na minha experiência vejo frequentemente que quando estão nascendo dentes, principalmente pré-molares (os quadradinhos de trás) e caninos, várias crianças aparecem com quadros de gripe e amígdalas inflamadas - e por decorrência, quadros febris. O nascimento dos dentes aparece junto com um processo inflamatório no local das gengivas que incomoda bastante as crianças. A febre, de fato, não é "dos dentes"mas de algo que pode aparecer conjuntamente nesse momento. E assim que os dentes nascem, em geral o processo tende a amenizar. O tratamento dessa situação depende de como ela aparece - gripe, amigdalite,.....
Para amenizar a gengiva dolorida e a irritação da criança podemos usar remédios a base de camomila . Para passar no local, uma quantidade bem pequena de óleo de cravo (diluir 4 gotas de óleo essencial de cravo em 1 colher de sopa de óleo de girassol).

meu filho caiu e bateu a cabeça



Em caso de quedas e batidas na cabeça, fiquem atentos a algumas coisas: se a criança desmaiar ou apresentar uma alteração importante no comportamento ela deverá ser levada ao hospital. Isso costuma ser raro, e o mais frequente é a criança ficar assustada (pois os pais ficam bastante) e chorar, e eventualmente vomitar. O vomito só deve ser preocupante se a criança iniciar um quadro de vomitos frequentes. O principal é acalmar a situação, observar a criança. Podemos colocar gelo no local da batida e a seguir, pomada de arnica. Isso ajuda a não ficar muito inflamado o local. Se após algum tempo a criança ficar bem, nada mais a fazer.
procurar auxílio médico se após a batida:

-houver alteração do comportamento normal da criança
-iniciar quadro de vomitos frequentes
-choro ou irritabilidade constante

obs: ficar mais atento no caso de a criança ter menos de um ano, por ser eventualmente mais difícil perceber variações de comportamento.

a respeito da febre

A RESPEITO DA FEBRE

Todos que cuidam de crianças já puderam acompanhar um momento de febre.
A febre aparece em muitos casos de gripes, infecção de ouvido, garganta e várias outras. É na verdade um mecanismo muito usado pelos animais para combater infecções e animais que não conseguem produzir febre a partir de seu próprio corpo como os lagartos e os peixes, buscam lugares mais quentes quando estão doentes. Isso porque a febre faz o sistema imunológico funcionar melhor. No sistema imunológico existem células que produzem proteínas - os anticorpos- que ajudam a eliminar vírus e bactérias não desejados pelo corpo. Existem outras células que destroem células já infectadas e existem ainda células capazes de digerir bactérias e vírus. Todas essas células trabalham melhor em temperaturas elevadas, que acontece nos episódios febris.
É claro que ter febre o tempo todo não é bom , pois a febre consome muita energia e aumenta a perda de líquidos. Porém nas infecções a febre pode ajudar muito. Em um estudo feito numa conceituada universidade americana - John Hopkins School- um grupo de crianças portadoras de catapora, foram divididas em dois grupos, um que tomaram antitérmico a cada 4 horas e outro que não tomou antitérmico no curso da doença - verificou-se que o tempo de recuperação das que não tomaram antitérmicos foi significantemente mais curto quando comparado com o grupo que foi medicado com antitérmico.
Porque usamos então antitérmicos? Desde a descoberta da Aspirina há +/- 150 anos atrás, se percebeu que poderiam ser controlados os sintomas de mal estar que acompanham a febre em algumas pessoas, mas houve certamente um exagero - e continua havendo - pois na tentativa de tirar o desconforto, a febre passou a ser uma vilã e não a tão sabia aliada no combate às doenças.
Muitas pessoas tem medo de que a febre possa danificar o cérebro apesar de isso já ter sido descartado pela ciência e também tem-se o medo de que a febre possa levar à convulsão. De fato em uma porcentagem de crianças a febre pode ser acompanhado de um quadro convulsivo que apesar de aterrorizador para os pais, não deixa nenhum problema futuro. De qualquer forma, é uma situação que pode ocorrer principalmente na hora da subida da febre antes mesmo de pensarmos em dar um antitérmico para criança.
Por esse motivo, queridos pais, ponderem melhor antes de usar um antitermico para seus filhos. É claro que em algumas situações ele será bem vindo mas temos que dar espaço para febre cumprir seu sábio papel que levou milhares de anos de evolução para ser estabelecido.
Vejam mais informações no site da organização mundial de saúde sobre a febre em crianças (em inglês ).

infecção intestinal


Nessa época do ano (verão) existem muitos casos de infecções intestinais. São situações onde aparece em geral vomitos seguidos de um quadro de diarréia. Duas coisas são importantes nesse momento: primeiro conter o vomito, pois se a criança não parar de vomitar provavelmente ela vai desidratar. Isso pode ser feito com um remédio oral ou supositório. ATENÇÃO - oferecer líquidos em pequenos goles !
Muitas crianças param de vomitar e os pais acham que já estão melhores ( o que pode de fato ocorrer). Mas muitas delas seguem com um quadro de diarréia e deve ser feito uma dieta sem leite e derivados e com arroz branco, batata/mandioquinha, frango, maça ou pêra, bolacha de água e sal, bolacha de maizena. Mesmo após a melhora, a mucosa intestinal demora uns dois dias para se recuperar e nesse período devemos manter a dieta.

Sinais de desidratação: apatia, criança que fica "largada"o tempo todo, mucosas secas, pouco xixi. Se a criança não para de vomitar e/ou apresentar sinais de desidratação deve ser levada ao pronto-atendimento em um hospital.

vacina de febre amarela

sobre a vacina da febre amarela:

por hora a recomendação é de que sejam vacinados moradores ou viajantes das seguintes áreas:regiões Norte e Centro-Oeste, Minas Gerais e Maranhão. Lembrando que crianças só podem ser vacinadas acimade 6 meses de idade. Não é preciso preocupação para pessoas que moram em outras regiões. Não estamos diante de uma epidemia. A situação que era comum em outras regiões como por exemplo amazonas agora apareceu em outros locais. Portanto, tranquilidade e vamos acompanhando as notícias.Para aqueles que forem viajar para o sul de Minas/ oeste de São Paulo, sugiro que telefonem para o local para verificar como está a situação

televisão


O que a televisão tem a ver com a saúde?
As crianças adoram televisão, ficam mudas e paradas -até demais. A televisão tem dois problemas principais: conteúdo e estética. O conteúdo pode trazer muita agitação e agressividade para algumas crianças (mesmo filmes da Disney, que parecem tão inocentes ). Mas acho que o pior é a questão estética. Além de feios muitos desenhos tem uma velocidade absurda, um ritmo alucinante. Isso é o que é pior para as crianças, principalmente as pequenas. Essa agitação toda entra na criança, que fica lá parada sem piscar. Depois aquilo tem que sair. Ou em surtos de agressividade, ou gritaria ou agitação e pesadelos durante o sono. As crianças não conseguem mais ficar paradas, esperando, quietas, observando. O ritmo tem que ser rápido, ansioso. Acreditem ou não, a televisão ajuda a construir a vida emocional de nossos filhos. Com muito mais força do que imaginamos. Como escolher os programas adequados? Prestem atenção no ritmo do desenho, nas pausas, na repetição (isso é bom). E obviamente no conteúdo. E é claro, limitem ao máximo o tempo de TV para os pequenos- estabeleça horários e programas!

o tempo de cada doença

Nas crianças, as doenças tendem a ser agudas, inflamatórias e de rápida resolução. Mas cada doença é um processo, com começo, meio e fim. E no final, temos em geral um ganho com a experiência que ocorreu. Claro que não queremos ver nossos filhos sofrendo, mas saber a importância de cada momento do processo talvez acalme um pouco a nossa ansiedade. Acontece que o grande desenvolvimento da criança pequena é justamente o desenvolvimento corporal, junto com o aprendizado de se relacionar com vários seres vivos em volta dela. Então a criança poderá passar por algumas crises e doenças e seu corpo irá se reestruturando com elas - e isso é as vezes fundamental para o desenvolvimento de seu sistema imunológico. Durante um processo febril, várias células do corpo morrem, outras se multiplicam e muito muco é produzido e eliminado, muitas bactérias morrem. No final teremos uma limpeza geral acontecendo, com a "sujeira"sendo eliminada. Por esse motivo o catarro aumenta tanto no final de alguns processos gripais da criança.

Tudo no seu devido tempo...
Temos que cuidar para que nossa ansiedade não interfira demais e prejudique o aprendizado que possamos ter de cada momento desses.

babá ou berçário?

A maioria das mães trabalham hoje em dia e surge essa questão em relação aos bebês. Devo deixar a criança em casa ou levar para um berçário?
Vantagens de deixar a criança em casa : ela mantém o ritmo cotidiano próprio, tão importante para os bebês e crianças pequenas. A alimentação da criança será aquela escolhida pelos pais. E caso a criança fique doente (que acontece nesses primeiros anos de vida) ela continua na rotina própria da casa.
Vantagens do berçario: ambiente de confiança e ter pessoas preparadas para lidar com os bebês (é o que esperamos!)
Algumas coisas devem ser ditas em relação aos primeiros 2 anos de vida. A criança deve estar em um ambiente tranquilo, sem estímulos em excesso. Não há necessidade de conviver com muitas crianças ainda . A criança aprende por imitação e imita tudo! Deve ter em sua volta adultos sinceros, verdadeiros e de preferencia que tenham uma relação agradável com a vida, um entusiasmo. Não precisa ser ninguém especializado!

a saúde da criança - como tomar decisões?


Como decidimos o que é bom ou ruim para nossas crianças? Claro que todos fazem sempre o melhor que podem, mas muitas vezes as possibilidade são diversas. Sempre que tomamos uma decisão, ponderamos a partir das informações que temos. A capacidade de se fazer escolhas próprias aumenta gradativamente na adolescência, quando ocorre um grande desenvolvimento da parte frontal de nosso cérebro. A partir daí teremos básicamente 3 caminhos de escolha. O bom senso mais ingênuo, culturalmente herdado, que nos guia baseado no que é certo e errado para nossas famílias, para o meio em que vivemos. Quando falamos que espinafre é bom para os pulmões, ou cenoura para os olhos estamos lidando com esse bom senso genérico. Na verdade a palavra bom senso significa uma boa percepção das coisas. O segundo caminho é justamente o da percepção. Quando vemos por exemplo como são criadas galinhas confinadas e decidimos que isso não é uma coisa boa, estamos escolhendo a partir de uma observação própria dos fenômenos da vida. Esse modo de decisão muitas vezes é difícil pois na maioria das vezes não temos acesso e informação sobre de onde vem - ou como são produzidas- as coisas que temos contato no nosso dia a dia. A terceira forma de decisão ocorre a partir do que a ciência fala que é correto. É correto amamentar por causa dos anticorpos que passam para o bebê, é correto abraçar as pessoas doentes pois foi provado que elas melhoram mais rápido. O duro é que muitas vezes a ciência nos faz tomar decisões por medo, medo que possa acontecer o que acontece em 2% dos casos não tratados dessa ou daquela forma.
Acho sempre saudável que os pais reflitam sobre como estão escolhendoo que é melhor para a saúde de seus filhos. Isso é importante pois, apesar de muitas vezes não parecer, as possibilidades são muitas e podemos cada vez mais participar conscientemente das escolhas.

QUEM SOU EU + o que é Medicina Antroposófica

Dr Sergio H Spalter
Médico Pediatra, fiz minha residência em Pediatria no Hospital das Clínicas em São Paulo e uma especialização em Alergia e Imunologia no mesmo local. A seguir fiz Mestrado e Doutorado em Imunologia na Universidade de São Paulo tendo trabalhado 1 ano em Nova Iorque (Mestrado) e 1 ano em Paris (Doutorado). Paralelamente a isso estudei Medicina Antroposófica , o que ampliou em muito a minha prática médica.
Trabalhei por 10 anos no berçario do Hospital São Luiz e por 4 anos no Serviço de Pediatria Assistencial do Hospital Albert Einstein. Tenho atendido pais, crianças e bebês há mais de 20 anos em meu consultório. Atendo internações nos vários hospitais e faço parte do corpo clínico do Hospital Albert Einstein. Participo também de vários partos como pediatra/neonatologista.

A Medicina Antroposófica é uma ampliação da medicina acadêmica (não uma alternativa) que considera a saúde física e mental como parte do desenvolvimento biografico de cada indivíduo. Nesse sentido a Medicina Antroposófica busca compreender e tratar o ser humano considerando sua relação com a natureza, sua vida emocional e sua individualidade.
Considera o quadro clínico do paciente - Mas também vai pesquisar como está a vitalidade desse paciente, o seu desenvolvimento emocional e como ele tem conduzido sua vida através dos anos, sua história de vida ou biografia.
A terapêutica envolve o uso de medicamentos produzidos com substâncias da natureza - minerais, plantas e até de alguns animais (abelha, corais) - através de técnica homeopática (diluição e dinamização), de processos específicos da farmácia ampliada pela Antroposofia (como é o caso dos medicamentos à base de metais) e de fitoterápicos. Mas também pode ser necessário o uso concomitante de medicamentos convencionais (alopáticos). Além de remédios, o médico antroposófico também prescreve orientações alimentares, de saúde em geral e de estilo de vida, além da possibilidade de trabalho conjunto com as terapias ligadas à Medicina Antroposófica.